Entrevista com Dr. Norberto Keppe, por Richard Jones
Num dos seus mais belos livros, Sociopathology (Sociopatologia), escrito na França em 1990, Norberto Keppe escreve um verdadeiro tratado sobre o valor das artes em nossa vida, asseverando que elas são o verdadeiro “fundamento da civilização”. Qualquer pessoa com talento artístico certamente ficará entusiasmada ao ouvir isso. Na verdade, todos nós deveríamos nos identificar porque, como Picasso disse uma vez: “Todo mundo nasce artista”.
Além dessa brilhante análise científica do valor da estética, este livro, como todos os demais do Dr. Keppe, contém inúmeros outros valiosíssimos elementos entrelaçados. Por exemplo: aborda como se dá a verdadeira educação – e isso é algo que nos fascina na Millennium.
“É muito importante perceber que a educação não é feita tanto em nível intelectual, mas nos chamados níveis mais profundos da personalidade (sentimentos, sensações e instintos)”, diz ele. E isso é muito interessante.
Nesta entrevista, que foi mais uma conversa com o Dr. Keppe sobre suas opiniões a respeito da educação, achei a discussão, como todos os diálogos com ele, fascinante e esclarecedora.
Jones: Então, o que isso significa em termos de ensino e aprendizado, Dr. Keppe? O que um verdadeiro processo de aprendizado, especialmente de um idioma, deve incluir?
Keppe: A gente não pode, nesse campo, ensinar a parte gramatical só, como a maioria das escolas faz. Na Escola Millennium, por exemplo, os professores usam textos de Trilogia Analítica, usam vídeos, arte e estética, cultura e muita tolerância, para conseguir tratar a parte emocional, usando o nosso método terapêutico.
Então com essa metodologia, nós conseguimos trabalhar com alunos que têm bloqueios, problemas de perfeccionismo, alunos que já pensam que não vão conseguir aprender; portanto, com essa aplicação da Ciência Trilógica no ensino de línguas, a escola consegue trabalhar com esses tipos de problemas. Aí os alunos vão progredir com muito mais rapidez e facilidades no aprendizado.
Jones: Portanto, esse método que o senhor criou funciona muito bem para ajudar os alunos a aprender idiomas, seja inglês ou francês, italiano ou alemão, ou até mesmo sueco e finlandês?
Keppe: Sim, mas esse método não é apenas para o setor de línguas. As universidades, até o curso primário, secundário, deviam usar esse método com o tempo, assim como já usaram métodos de tantas pessoas para ver os resultados, porque eu acredito que a pessoa pode aprender num ano o que demoraria quatro anos, se usar esse método, seja no nível fundamental, médio ou superior, de maneira que iria dar uma facilidade muito grande para o indivíduo se desenvolver e assim aparecerem mais pessoas capazes, de mais inteligência, que poderiam ajudar mais a sociedade.
Jones: Esse interesse que a Millennium tem em melhorar as pessoas é algo muito empolgante para mim. Eu vim do Canadá para o Brasil para aprender mais sobre isso.
Keppe: Através dos textos os alunos conseguem praticamente conscientizar, se interiorizar de dificuldades que eles têm na vida cotidiana. E, muitas vezes, essas dificuldades são a base dos bloqueios que têm no aprendizado de idiomas.
Em nosso método, ao mesmo tempo que o aluno aprende uma outra língua, ele começa a se conhecer melhor. De modo que ele, passando por esse estudo, e analisando. e conscientizando, pode penetrar e ter contato com essa parte interior que ele tem que é fantástica. E com isso ele tem o aprendizado no geral. Ele entra na língua e ele aprende de verdade.
Eu acho até que quando o ser humano é educado, se a educação não for um processo de terapia, ele não conseguirá mudar sua conduta. Porque quando se fala em educação, pedagogia, seja até mesmo na família, não só nas escolas, é um processo através do qual o indivíduo não vai aprender conhecimentos só, mas ele vai conseguir melhorar na conduta, vai ter uma conduta razoável.
Então, os alunos de nossa escola também conseguem se desenvolver nas áreas profissional, na competência emocional e até se curar de doenças psicossomáticas.
A este fenômeno chamamos de Trilogia. Existe uma nova visão sobre o universo (cosmovisão), ou melhor, a descoberta de uma filosofia de vida (Weltanschauung), que é tão antiga como a criação e permaneceu oculta por todos estes séculos; o motivo principal deste fato pode ser encontrado no transcurso da própria civilização, que caminhou parcialmente todo esse tempo.
Sempre desconfiei que estava havendo algo muito errado com a civilização, desde que não conseguiu construir um mundo de paz e desenvolvimento contínuo.
Então a nossa Escola segue o processo de terapia, quer dizer, quando a pessoa vem estudar, já o intuito da Escola leva o indivíduo a entrar na estrutura que eu acredito que é certa, que é a mais adequada, e aí o indivíduo se normaliza mesmo que não tenha a intenção de fazer terapia.
Por isso a gente chama de “Escola Terapêutica”, porque se o indivíduo começa a pensar e sentir o que é certo, o que é belo, bom e verdadeiro, automaticamente ele se torna são. 💫
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